domingo, 15 de junho de 2008

Inclusão digital: um direito de todos


Com as tecnologias digitais, estamos vivendo tempos de extremas e rápidas mudanças. Nunca o homem havia tido disponíveis ferramentas cognitivas tão poderosas. Cresce, em todos os países, o número de pessoas com necessidades especiais (PNEs) a reivindicar seu legítimo direito de acesso à informação/formação e a espaços acessíveis às tecnologias digitais. O reconhecimento da diversidade humana apontou para a necessidade de ambientes e ferramentas digitais condizentes a especificidades.As tecnologias digitais oferecem, com a criação de Ambientes Digitais de Aprendizagem (AVAs), uma das mais efetivas alternativas para desenvolvimento e inclusão digital e social de PNEs. Nesse contexto, nos últimos 20 anos, a equipe do Núcleo de Informática na Educação Especial da Faculdade de Educação da Ufrgs (Niee) vem desenvolvendo atividades em três áreas de atuação. Na pesquisa, há estudos científicos focalizando diferenciadas síndromes e deficiências, com a finalidade de construir conhecimento no uso das tecnologias digitais: com cegos, surdos, pessoas com deficiência mental e física, síndrome de Down, Transtorno do Déficit da Atenção/Hiperatividade (TDAH), crianças e jovens com graves enfermidades, meninos de rua, ex-presidiários, entre outros.Os resultados desses estudos, socializados em quase uma centena de publicações científicas e em mais de 120 apresentações em congressos nacionais e internacionais, mostram aspectos positivos relacionados ao desenvolvimento cognitivo e socioafetivo desses usuários, propiciados por ferramentas e espaços digitais/virtuais.Nos últimos cinco anos, a equipe do Niee foi contemplada com dois prêmios de melhores trabalhos expostos em eventos europeus e mais dois em eventos nacionais. Na área de desenvolvimento de software, a equipe obteve, por duas vezes, primeiro lugar em concursos nacionais promovidos pelo MEC. Um dos produtos desenvolvidos pelo Niee resultou no ingresso de um jovem com PC que realizou e foi aprovado no vestibular da Ufrgs (1994) utilizando o computador com um Simulador de Teclado, sistema também utilizado em sua formação. Destaca-se o atual projeto, financiado pelo CNPq, que se constitui em um AVA Inclusivo para criação de Comunidades Virtuais de Convivência, cujo foco são as ferramentas acessíveis a Web e Tecnologias Assitivas para PNEs. Dentre elas, o bate-papo falado (para cegos) e o Teclado Virtual (para escrita da Língua dos Sinais, voltado a surdos).Na área de formação de recursos humanos, o Niee-Ufrgs é espaço de preparação de pesquisadores (doutorado e mestrado), desenvolvimento de cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização (presenciais e à distância-EAD). Na formação docente em EAD, destaca-se o curso apoiado pela Secretaria de Educação Especial do MEC com a finalidade de utilizar as tecnologias digitais visando ao desenvolvimento e à inclusão de PNEs. E, atualmente, estamos na 6ª edição do curso e já formamos mais de 3 mil professores, em todo o país.Assim, propiciar acesso a ambientes digitais permitirá ouvir e dar voz à diversidade humana – ação prioritária para a construção de uma sociedade inclusiva. Conseguir que os benefícios desses ambientes estejam disponíveis a todos significa, no contexto da sociedade atual, um imperativo social e ético. Busca-se, desta forma, avançar na construção de uma sociedade onde cada indivíduo, independentemente das suas necessidades especiais, tenha as mesmas oportunidades de crescimento e vivência que os demais cidadãos.


Fonte: CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE, SÁBADO, 3 DE MAIO DE 2008


Foto: Anelise Barra Ferreira

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