sábado, 18 de outubro de 2008

Música estimula a inteligência

Várias pesquisas indicam que crianças com educação musical desenvolvem maior aptidão mental
São muitos os estudos que provam que a música é um estímulo muito valioso ao desenvolvimento da criança. Segundo o coordenador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil da Universidade Federal de São Paulo, Mauro Muszkat, 'ela interfere na plasticidade cerebral, de modo que há diferenças entre o cérebro de um músico e de um não-músico. Favorece a rede de conexões entre os neurônios na parte frontal do cérebro, o que tem relação com os processos de memorização e atenção. Por estimular a comunicação entre os dois lados do cérebro, também está relacionada com as habilidades como o raciocínio e a matemática', afirma o especialista.

Cada tipo de som exerceria influência em determinada área cerebral. A música básica, rítmica, relaciona-se com a porção anterior. O som melódico age nas áreas temporais e a música com contrastes e efeitos influencia áreas associativas. Músicas mais lógicas, como as de Mozart, estimulam a resolução de problemas espaciais. Não há um efeito único, mas em geral a música modifica a atividade elétrica do cérebro, potencializando várias áreas.
Já a Universidade de Hong Kong realizou pesquisa com 90 meninos e meninas, entre 6 e 15 anos. Metade dos avaliados integrava a orquestra da escola e aprendia a tocar um instrumento, enquanto a outra metade não tinha formação musical. Cinco anos depois, constatou-se que as crianças que participaram da atividade musical mostraram mais capacidade de memorização de palavras. Segundo os estudiosos, fazer escalas ao piano, por exemplo, desenvolve o lado esquerdo do cérebro, local de concentração da memória verbal e das aptidões musicais. Na Universidade da Califórnia em Irvine, dois grupos de crianças foram estudados; um deles teve lições de piano e cantava no coro diariamente. Após oito meses, as crianças musicadas eram experts no domínio de quebra-cabeças, atingindo desempenho 80% superior aos colegas em inteligência espacial.
Depois da sanção da lei 11.769, que torna obrigatória a inclusão da disciplina música no ensino fundamental e médio das redes públicas e particulares no Brasil, começou a ser debatido como esse ensino se dará quanto à capacitação de professores, infra-estrutura de escolas públicas, material didático e plano de aula. O conselheiro da Abemúsica Marcelo Aziz considera a aprovação da lei um avanço significativo no campo das artes. 'Acredito que haverá o aumento do interesse pela música. A linguagem musical sempre esteve presente na vida dos seres humanos, fazendo parte da educação de crianças e adultos. Na Grécia, era considerada fundamental na formação, assim como filosofia e matemática', conclui.
PORTO ALEGRE, DOMINGO, 12 DE OUTUBRO DE 2008
Fonte: Correio

APAES: DE MÃOS DADAS COM A INCLUSÃO

Inclusão social. Um novo paradigma? Alguns anos atrás, quem seria capaz de imaginar que a luta em defesa das pessoas com deficiência seria amplamente anunciada? Talvez um louco ou um idealista. Hoje, felizmente, o nosso olhar vislumbra o ser, com suas diferenças e potencialidades, com seu tempo e maturação. E mais do que ninguém, os apaeanos sabem disso, desejam a inclusão social e, quiçá um dia, que todos estejam incluídos como cidadãos.A Federação das
Associações de Pais de Amigos dos Excepcionais do RS (Apaes) é filiada à Federação Nacional das Apaes, instituição filantrópica fundada em 1954. Atualmente, congrega 205 Apaes redistribuídas em 22 Conselhos Regionais, que prestam atendimento a 454 municípios do seu entorno, atendendo aproximadamente 18 mil alunos com deficiência mental no Rio Grande do Sul. Nosso atendimento busca garantir às pessoas com deficiência mental uma Educação inclusiva, dentro de um processo de desenvolvimento institucional da escola e do sujeito com oportunidades para trabalhar a cidadania, a diversidade e o aprendizado.Além do atendimento pedagógico, as Apaes ainda oferecem políticas de saúde, assistência social, trabalho, esporte, lazer e informática.
A missão do movimento apaeano é, assim, promover e articular ações de defesa de direitos, prevenção, orientações, prestação de serviços e apoio à família direcionados à melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência e à construção de uma sociedade justa e solidária.Mas almejamos que essa inclusão seja realizada no verdadeiro sentido da palavra.
Ato ou efeito de incluir-se, envolver, fazer parte. Queremos que nossos alunos freqüentem a escola comum, porque estarão aptos a continuar paralelamente aos demais colegas da turma; que sejam bem recebidos por uma escola acessível e com professores capacitados. Desejamos tudo isso que hoje oferecemos nas nossas escolas reconhecidas e autorizadas. E é o livre-arbítrio da família que deverá, de forma consciente, eleger a melhor escola. Enquanto isso, continuamos fazendo bem-feita a nossa parte. Educação digna para todos!
Aracy Maria da Silva Lêdo Presidente da Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais do RS
Fonte: Correio do Povo - 18/10/2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Down na terceira idade


As pessoas com a síndrome estão vivendo mais.
Quem vai cuidar desses velhinhos?


Meio século atrás, pessoas com síndrome de Down raramente sobreviviam além da adolescência. Essa situação mudou inteiramente. A expectativa de vida delas saltou para 56 anos, e já não causam surpresa aquelas que ultrapassam os 60 ou mesmo os 70 anos. Vários fatores contribuíram para que isso acontecesse – a assistência médica específica e mais eficiente, maior oportunidade de convívio social, o acesso à escola e ao mercado de trabalho são os principais. Isso tudo formou uma geração de indivíduos que nasceram com Down e estão chegando à terceira idade. Trata-se de inesperado desafio. Como lhes proporcionar os cuidados de que necessitam na velhice? Quando chegam a essa fase da vida, seus pais, as pessoas que geralmente davam atenção a eles desde pequenos, ou estão muito velhos ou morreram. "No passado, os médicos diziam para os pais não se preocuparem, porque os problemas físicos nunca deixariam pessoas com Down chegar à idade adulta", diz Jô Clemente, uma das fundadoras da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), de São Paulo. "A situação agora é completamente outra."

Estima-se em 300.000 o número de brasileiros com Down. A síndrome ocorre quando o cromossomo 21, em lugar de ser formado pelo par normal, ganha um terceiro elemento. Os sinais exteriores da alteração genética são perfeitamente visíveis. Os olhos amendoados e o rosto arredondado lembram vagamente traços orientais. Os músculos são flácidos, o que dificulta a fala e aumenta a possibilidade de quedas. O metabolismo mais lento favorece a obesidade. O desenvolvimento intelectual é comprometido em grau variado. Problemas nos órgãos internos e no sistema imunológico também são freqüentes e exigem atenção médica (veja o quadro abaixo).

Muitos desses problemas podem ser minorados com o atendimento adequado. Em centros especializados e nas mais de 2.000 Apaes espalhadas pelo Brasil (quase uma para cada dois municípios), fonoaudiólogos treinam a fala, fisioterapeutas ensinam exercícios para fortalecer a musculatura e terapeutas estimulam o desenvolvimento cognitivo com brincadeiras e atividades. Poucas dessas pessoas com Down que hoje têm mais de 60 anos foram diretamente beneficiadas por essa estrutura de apoio, criada sobretudo nas últimas duas décadas. Alcançaram a terceira idade em grande parte graças ao esforço dos pais e familiares para incluí-las no convívio familiar e na sociedade.


A paulistana Danimira Antonia Ursich, de 61 anos, freqüenta a Apae desde 1990. Lá pratica tapeçaria e outros tipos de artesanato. Filha de eslovenos, conversa com fluência na língua que aprendeu com os pais. O português ela praticou com os irmãos. "Ela sempre foi incluída em todas as atividades da família. Foi uma orientação intuitiva dos pais na época", diz a irmã Mileni Ursich, médica de 69 anos, que a acolheu em casa. Quando pequena, Danimira foi alfabetizada numa escola para crianças com deficiência mental mantida por um grupo de médicos no quintal de uma casa. "Os principais responsáveis pela melhoria observada nas pessoas com síndrome de Down foram os familiares, que exigiram e forçaram os profissionais de saúde a se preparar para lidar com seus filhos", diz o médico geneticista e pediatra Zan Mustacchi, do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo.

O novo desafio dos pais agora é planejar a velhice dos filhos com Down. Os especialistas aconselham a treinar o deficiente para uma vida com autonomia. Isso significa ensinar a realizar sem ajuda tarefas do cotidiano, como fazer compras no supermercado, usar o sistema de transporte público e cozinhar. Um curso profissional pode prepará-lo para o trabalho. Um indivíduo com síndrome de Down pode perfeitamente fazer trabalhos repetitivos em linha de montagem ou ser assistente de portaria. Embora nunca se possa prever o grau de inteligência que uma pessoa com Down atingirá, a maioria é capaz de realizar as atividades domésticas sem supervisão. Outros conseguem avanços maiores. No Brasil, atualmente há cinco pessoas com Down freqüentando a universidade.

Na terceira idade, todas essas habilidades começam a ser prejudicadas pela debilidade física, mais acentuada que o normal. Um problema então é saber onde essas pessoas com Down vão morar e com quem poderão contar quando as manifestações da idade e outros sintomas ligados à síndrome se acentuarem. Como as Apaes e entidades similares não funcionam como internato, normalmente a responsabilidade é assumida pelos irmãos. "Com a morte de minha mãe, há seis anos, passei a cuidar do Luiz", diz a advogada Lorene Aparecida Silva, 40 anos. Ela mora em Ribeirão Preto, a 310 quilômetros de São Paulo, com o irmão Luiz Antonio Carlos da Silva, 61, que tem Down. Durante o dia, enquanto ela trabalha, Luiz permanece na Apae, onde pinta e monta mosaicos. Nos fins de semana, os dois aproveitam a piscina da casa ou saem para tomar sorvete.

Adultos com Down exigem cuidados especiais. Por exemplo, eles têm enorme dificuldade em lidar com situações novas. "Qualquer coisa que saia da rotina de um indivíduo com deficiência mental provoca grande ansiedade, que pode gerar conflitos", diz Silvia Longhitano, geneticista da Universidade Federal de São Paulo. A necessidade de exercícios físicos também é maior, devido à debilidade muscular. A ocorrência da doença de Alzheimer também se dá de forma precoce. O quadro degenerativo que leva a rompantes agressivos e perda progressiva de memória se manifesta a partir dos 40 anos em pessoas com Down, enquanto no restante da população ocorre após os 60. "Meu irmão sempre foi uma pessoa alegre e divertida, mas tem estado um pouco nervoso ultimamente", comenta Cândida Amaral Brito, 47 anos, que vive em Anápolis, Goiás. Filha caçula de uma família de treze irmãos, Cândida cuida do primogênito, Dilmar, que tem Down e 73 anos, e da mãe, de 92. Fã do Flamengo, em meados do ano passado Dilmar apresentou os primeiros sinais de Alzheimer. Com freqüência não reconhece os parentes. A debilidade física o obriga a usar uma bengala de apoio.

No Brasil, há poucos centros especializados no atendimento de idosos com Down. Em 1998, a Apae de São Paulo abriu o Centro Zequinha, onde idosos com deficiência mental podem passar o dia, fazer exercícios físicos e praticar jogos de atenção e memorização, uma forma de combater o Alzheimer. No condomínio Aldeia da Esperança, em Franco da Rocha, cidade da Grande São Paulo, 63 pessoas com deficiência mental moram em pequenos apartamentos, trabalham e são assistidas por fisioterapeutas, nutricionistas e médicos. Quatro dos moradores têm a síndrome de Down. David Maiberg Neto, de 59 anos, é um deles. Órfão de pai e filho de uma senhora de 97 anos, David tem uma vida bem integrada na Aldeia. Nos últimos anos, com a visão e a audição comprometidas, passou a contar com a ajuda da namorada, Sheila Falkas, 36, também moradora do condomínio. "Ela é tudo para mim e eu sou tudo para ela", diz David.

A Aldeia da Esperança não está ao alcance de qualquer cidadão. O custo inicial de ingresso equivale à compra de um pequeno apartamento e a mensalidade é de 3.500 reais. Por outro lado, 30% dos moradores não pagam nada. No momento, há uma fila de trinta candidatos à espera de uma dessas vagas gratuitas. "Infelizmente, nada foi feito pelo setor público. Tudo o que existe para o atendimento de idosos com Down é por iniciativa privada", diz Jô Clemente, da Apae. Esse é um assunto que os órgãos públicos não podem continuar a ignorar. Existe grande possibilidade de o número de pessoas com Down aumentar proporcionalmente em relação ao total da população, uma vez que as mulheres engravidam cada vez mais tarde. Entre as gestantes de 30 anos, a probabilidade de nascer uma criança com Down é de uma a cada 895 nascimentos. Aos 40, o risco sobe para uma a cada 97.





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domingo, 12 de outubro de 2008

http://br.youtube.com/watch?v=zwwMPp0nxmk

Ciclo debate ações voltadas para a educação especial

A Comissão de Educação, Cultura e Esportes (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre promoveu, na noite de quarta-feira (17/9), no Plenário Otávio Rocha, o Ciclo de Debates - Desafios do Processo de Inclusão Escolar: Assessorias. Coordenado pela presidente da Cece, Sofia Cavedon (PT), o evento reuniu representantes da Secretaria Municipal da Educação (Smed), diretores, professores, funcionários e familiares de alunos das escolas especiais.A professora Viviane Loss, da área de educação especial da Smed, disse que a equipe de assessoria está consolidada dentro da secretaria e tem construído suas políticas públicas em parceria com as escolas, os professores e parentes dos alunos. Viviane afirmou que a assessoria em educação especial precisa trabalhar articulada com outras secretarias do município para uma ação multidisciplinar. Também informou que a Smed está inaugurando vídeos institucionais que destacam a importância da inclusão de alunos especiais a partir de um atendimento de qualidade nas escolas.
A psicóloga Mara Lago, integrante da assessoria em educação especial da Smed, listou desafios a serem enfrentados pela secretaria. Segundo ela, as quatro escolas especiais da rede municipal não dão conta da grande demanda crescente. Mara também citou como meta o entrosamento de uma rede multidisciplinar, que envolve saúde, justiça, assistência social e famílias. Conforme a psicóloga, há dificuldade ainda na falta de acessibilidade em muitas escolas especiais e regulares, problema que depende de recursos. Outro desafio é o crescente número de casos de transtorno de conduta, que têm solicitado a intervenção dos especialistas das assessorias de educação especial. A assessoria da Smed nessa área, de acordo com Mara, dá-se, basicamente, pelo acompanhamento multidisciplinar e com a realização de reuniões mensais com professores, funcionários e familiares de alunos.A vice-diretora da Escola Estadual Especial Cristo Redentor, Carla Under, defendeu a existência das escolas especiais como fundamentais para a inclusão de crianças e adolescentes com necessidades especiais. "A escola especial é inclusiva", disse. Segundo ela, muitos alunos que estavam à margem da sociedade, em clínicas, sem escolaridade, têm a oportunidade de crescer em uma escola especial. Porém, ressaltou Carla, é preciso respeitar o direito das famílias de decidirem se querem matricular seus filhos em uma escola regular ou especial. "O importante é que os alunos se sintam acolhidos, com qualidade", disse. Carla lembrou que a escola especial do passado é muito diferente da atual, pois adota propostas pedagógicas que favorecem as trocas e a cooperação entre alunos e tem currículos adaptados.
Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Fonte: site da Smed

INCLUSÃO NO MUNDO





Participando de mostras culturais, atividades esportivas e sociais alunos com necessidades educacionais especiais percebem suas possibilidades de inserção no mundo globalizado e se mostram alheios ao olhar curioso dos transeuntes. Mostram-se integrados, apreciam, emitem opiniões e recriam à partir das propostas criadas por artístas e/ou atletas, porém o olhar pedagógico especializado continua sendo necessário, pois é ele que detecta e instiga a possibilidade de cada um. É ela que acredida e faz todo entorno acreditar que é possível fazer e ser diferente.
Rejane Guariglia da Silva
Psicopedagoga