domingo, 6 de julho de 2008

INCLUSÃO NA PERSPECTIVA LATO SENSU

INCLUSÃO NA PERSPECTIVA LATO SENSU
Muito tem se falado sobre a necessidade de investimento no tema da inclusão. Se observarmos as leis, os decretos e os pareceres gerados sobre esse tema nos últimos anos, vamos constatar que precisamos, agora, envidar esforços no cumprimento efetivo da inclusão.O sistema educacional, por seus gestores, pródigo em manifestações sobre o tema, ainda não conseguiu implementar política de inclusão efetiva no cotidiano da escola.
O entendimento de que os portadores de cuidados especiais devem ter direito a matrícula em qualquer escola bate de frente com a dura realidade das pouquíssimas instituições em condições de atendê-los. Precisamos de investimento consistente nas instituições de Ensino para o desenvolvimento de um projeto pedagógico que dê conta do trabalho rico com a diversidade inerente ao ser humano.
Recentemente, os meios de comunicação divulgaram um caso bem-sucedido de inclusão: o aluno de Jornalismo do IPA Eduardo Purper, acometido por lesão cerebral, defendeu, com elogios, seu trabalho de conclusão do curso, confirmando a necessidade de investimento pessoal e profissional nesses casos. De tão raras, essas situações viram notícia nacional. Mesmo considerando as diferenças menos significativas entre os alunos nas escolas, constatamos que também o atendimento é insuficiente. Verifica-se uma redução no número de profissionais especializados para o trabalho.
Alunos com dificuldades de concentração e de relacionamento social, com conduta inadequada, são atendidos normalmente pela professora da turma, de forma solitária. A falta desse atendimento especializado gera uma grave conseqüência: o desinteresse e a indisciplina dos alunos. O professor administra essas situações; sente-se, em geral, constrangido em pedir auxílio, pois sabe que professores que não conseguem resolver sozinhos conflitos são menos valorizados e potenciais demitidos no final do ano letivo. Outras vezes, professores encorajam-se e relatam tais problemas às direções das escolas para que encaminhem soluções. O resultado nem sempre é satisfatório: a escola privada, em geral, minimiza os fatos para não 'expor' problemas a sua clientela. Agindo assim, elimina a possibilidade de transformar os conflitos em aprendizado; impossibilita a reflexão dos motivos que levam os alunos ao desinteresse pelo estudo e à indisciplina. Enfim, subtrai-se da escola o papel fundamental que ela deve desempenhar nesses tempos de violência: incluir, no convívio harmônico e solidário, os diferentes, para que essas diferenças sejam motivo de aprendizado e de consolidação da sociedade fraterna e solidária.cecília maria martins farias
Diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado/RS (Sinpro)
Fonte: Correio do Povo - 5 de julho de 2008.

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